sábado, 12 de dezembro de 2015

Saudade faz matar o esquecimento,
Refaz o que distante já se viu,
O renascer da vida num momento,
Transforma o mais cruel num ser gentil,
Apascentando a dor de um tormento,
Esquece da palavra e traz o til,
A face amenizada pelo tempo,
Do que se transformara em contratempo.

Porém em outras vezes agiganta,
Roubando a pequenez de alguma cena,
Ferindo uma saudade desencanta,
Marcando bem mais forte a luz amena,
Minha alma de saudades sempre canta,
Permite que prossiga, e vá serena.
No doce em amargura, mel e fel,
Saudade, tantas vezes é cruel.

Não posso mais negar uma saudade
Do amor que um dia tive e se perdeu,
Distorcendo o retrato da verdade,
Dourando o que se fora simples breu.
Não deixa perceber a realidade,
Demonstra o que decerto não fui eu,
Numa fotografia amarelada,
Saudade ressuscita o quase nada.

Permite que possamos viajar
Além do que tivemos, ilusões;
Num mar que é tão difícil navegar
Saudade nos redime em emoções
Que nunca conseguimos disfarçar
Acalma e nos liberta das paixões,
Mas deixa esta vontade de saber
De novo o que nos deu tanto prazer.

Saudades... são formatos diferentes
Daquilo que pensamos conhecer,
Deixando para trás os inclementes
Momentos mais difíceis de viver,
Saudade traz a faca entre meus dentes
Embora tantas vezes faz sofrer.
No gosto da saudade, uma lembrança
De um tempo mais feliz, pra sempre alcança...

marcos loures

Nenhum comentário: